sábado, 15 de dezembro de 2007

natal

Pensei em falar sobre Natal.
Tenho feito matérias de todo o tipo sobre Natal.
Compras de Natal. Vendas de Natal. Festa de Natal.
Alegria, tristeza, ansiedade, desagrado,
solidariedade, carência e toda sorte de sentimento
mobilizado na celebração natalina. Puxa.

NÃO QUERIA
Queria evitar de me envolver. Nem queria escrever
sobre o Natal. Mas é que tanto sentimento assim
aferventa até sangue frio de repórter.
Não dá, já me envolvi.

ENCANTAMENTO
Acho que um pouco da negação sobre o Natal é por
aquele papo de “a gente já não é mais criança, por
isso perdeu o encanto”, mas também acho que é muito
mais.
É um bombardeio insano de estímulos ao consumo.
Compre, compre, compre. E mostre o quanto você ama
quem você acredita que ama.

PRESENTE
Não tem presente que substitua um abraço de verdade.
Porque tem abraço de mentira demais por aí. É pior que
ficar sozinho. Abraço de mentira é uma caixa de
papelão que não tem nada dentro.

O MEU PRESENTE
O que eu queria de presente nesse Natal eu não vou
ter. Queria que ninguém desse presente nenhum que não
fosse o sentimento sincero.
Nada de confraternizações hipócritas, com perus
recheados de falsidade e individualismo.
Eu queria que as pessoas desmistificassem o “velhinho”
embuste do Papai Noel, que muitas vezes é o nome
fantasia de um carnê de loja. Crediário que faz faltar
o dinheiro de outras coisas mais importantes no lar. E
ensinamentos que vão carecer no futuro da criança.

CLICHÊ
Vida de quem escreve é uma interminável e ilusória
tentativa de evitar os clichês. Impossível talvez. Mea
culpa, certamente.
Então, corram leitores e abracem loucamente quem vocês
amam de verdade. Apertem os vossos amores todos contra
o peito, e digam o que a vergonha fica ruborizada só
de pensar em falar.
Desprezem os presentes. Aceitem, de coração aberto, os
que vieram de afeição honesta. Que mal tem, afinal, um
presentinho.
Só não exijam, pelamordedeus.

VANGUARDA
Outra ilusão é ser vanguarda cultural. Tem gente que
escreve e pensa que redescobre o uso dos polegares a
cada sentença bem construída. Bobagem.
O que separa os homens dos macacos é a inteligência,
ou a presunção de que o macaco não aprendeu a
manipular o ambiente e, assim, perdeu o trem da
evolução.
Pobre macaco. Não vai refletir sobre divindade humana
no Natal. Nem vai comprar presentes. Não vai mentir,
roubar, matar e consumir o mundo.

Luiz Sérgio Dibe é jornalista

Um comentário:

My handshake disse...

Pensei que o texto fosse teu!

Sabe o que eu queria no natal?
Queria ter neve, para pensar que o natal é meu e não comprado.
Queria que a energia fosse sem capital.
Queria que o pensamento não fosse cristão e sim irmão.
Quria que a caridade não existisse e que todos fossem iguais.
Queria que as pessoas não comessem o presépio.


Queria saber mais sobre mim!